Sou uma rainha!

Quando vou para a academia pela manhã sempre sigo pelo caminho mais longo para um prévio aquecimento do corpo e da alma. Refletir sobre tudo e nada é um exercício que adoro fazer nas primeiras horas do dia ao nascer do sol e creiam, não existe nada melhor para pôr os pensamentos em ordem que fazer uma boa caminhada matinal. Gostaria de ser um computador ambulante nestas horas para pensar e gravar, pensar e gravar depois copiar e colar as coisas interessante e incríveis que brotam de meus pensamentos.O ar que me energiza , as paisagens que avisto mesmo que sejam sempre iguais eu visualizo em outras eras já vistas com um torpor delicioso de novas descobertas.Quando passo por uma arvore florida e vejo aquele tapete colorido que me envolve, me sinto como se a natureza estivesse me homenageando, como se eu fosse uma rainha e assim faço reverência, agradecendo à Deus pela infinita beleza de cada dia.

Botando pra quebrar!

Na semana seguinte recomeçou a obra. Sujeira, mais pó, mais sujeira que parecia não acabar mais. Escapadas para ir na academia ou jogar canastra se tornaram necessidades biológicas. Passaram - se três semanas e eu com os nervos já em frangalhos via a luta que se fazia para que a massa ficasse na parede num faz e refaz que não acabava mais! Meu Deus! Eu já não aguentava mais isso. Neste tempo o Brasil pegava fogo com a Lava jato: prende o Lula ou não prende, as roubalheiras sendo descobertas, roubos astronômicos, não se salva quase ninguém dentro do senado! O juiz Sergio Moro teria tantas pessoas para prender que teriam que construir novo presidio. Como ele mesmo declarou a corrupção era já sistêmica pois abrangia vários setores da economia brasileira. Minha revolta era grande em todos os sentidos! Quando a obra Já estava quase nos finalmente, me vi com uma conta de excesso d'água fora do comum! Comentei isso com eles e disse que pagaria somente no fim do mês e aí eles pararam com o acabamento da obra.
Isto gerou um descontentamento em mim pois sair para fazer outro trabalho pode, demorar para concluir pode, faltar com a palavra pode, esperar um pouco não pode. Aceitaram mas a contragosto.
O ser humano muitas vezes é desumano pois só olha para o próprio umbigo. Eu só pedi um tempo, um tempo que haviam me tirado tantas vezes, quando a obra parava. Depois de mais de duas semanas tomei uma decisão de acabar de vez com tudo! Arranjei o dinheiro e eles acharam tempo para concluir, com uma falta de vontade incrível, com uma pressa de sair logo visível, vieram movidos pelo dinheiro e não pelo compromisso acertado.
Resumo da obra: faltou etapas no arremate para serem concluídas mas deixei assim pois eu precisava ficar só, só! Paguei e foi com prazer que dei tchau! Não ficou cem por cento como queria mas agora eu estava livre para respirar, descansar, sair sem pressa, no meu tempo sem hora para voltar, cuidar de mim. Enfim livre, LIVRE!
Sei que ainda tenho que colocar tudo nos lugares mas o tempo é todo meu!

Catarina

botando para quebrar!

Com a tristeza me envolvendo, a espera  pela continuação da obra se tornou insuportável. Entrei em contato para saber quando ele voltaria para terminar o trabalho que ficara pela metade.Neste meio tempo minha filha fez uma cirurgia e eu a visitaria, custasse o que custasse! Foi um momento de renovação para mim pois fazia bastante tempo que minhas relações com ela estavam rompidas por coisas passadas, mal resolvidas, e ademais eu jamais ficaria tranquila em casa pensando nela. Comuniquei  ao rapaz  sobre isso. Seria somente uma visita no hospital mas ele pensou que eu iria cuidar dela e demorou mais uma semana para vir. Mais um tempo perdido! Tem pessoas que acham que são adivinhos, deduzem as coisa como se assim fosse, sem questionar e têm como certo!
Quando retornou, fez alguns reparos que haviam ficado para fazer e me avisou que o restante ele passaria para um colega que trabalhava com ele.Fiquei descontente com isso pois sou do tempo em que se honrava a palavra dada  e eu não sabia se o outro trabalharia bem ou não. Compromisso assumido  tinha que ser cumprido. Não adiantou falar isso e tive que aceitar uma outra pessoa para concluir o trabalho... Apesar de fazer tratamento capilar a queda não parava ... fiquei com medo de ficar careca!

Botando para quebrar

Obrigada a ficar mais tempo em casa, comecei a me interessar mais pela nossa politica. Antes eu já  era uma pessoa inconformada com as injustiças sociais, mas agora eu já não caibo mais em mim com tanta indignação  pelos danos que advinham dos mal feitos dos senadores, mediante uma politicagem suja e corrupta. Nunca  em todos os tempos houve tantas barbáries contra o nosso povo como nestes meses. A instabilidade era e é intensa que chega a dar revoltas  e medos de que venhamos a  não nos recuperarmos desta confusão generalizada. A afronta das escolas num péssimo ensino,  envolvendo as crianças  em doutrinação politica  e a confusa educação na  identidade de gêneros, abalou a sociedade que cada vez mais se revolta com a absurda ousadia  e falta de respeito pelas nossas crianças.O desemprego em ascendência, a falta de compromisso com a classe trabalhadora e um congresso para aplicar leis que vão contra os desejos da sociedade e a favor deles mesmos. Uma situação revoltante! Compram votos para se livrar de processos e assim poderem continuar no poder; soltam marginais que deveriam estar presos e não estão  nem aí para a indignação do povo.Com  tudo isto acontecendo e eu no desconforto que ora vivia, sofri a perda de minha querida amiga Elzia. Nos últimos dias dela eu pouco pude conviver e estar ao lado dela. Como eu sinto isto! Queria ter convivido mais e confortado mais neste tempo.Que Deus a tenha minha querida amiga.Tuas lembranças eu levarei comigo para sempre! Esta foi a segunda amiga que perdi em poucos tempos. Quando chega a hora temos que respeitar e aceitar!
A obra desta vez sofreu uma paralisação de quase um mês e eu entrei num processo de perda capilar intensa.  Eu que sempre gostei de meus cabelos longos acabei cortando aos poucos  até ficarem curtos. Parece que fiquei fascinada pela tesoura, pois não podia vê-la que eu a pegava e cortava mais um pouco. O fato é que eu peguei fungo pela poeira ora existente e pelo estresse adquirido por já não aguentar mais a confusão que estava minha vida e não aceitar toda esta bagunça politica!

Catarina

Botando para quebrar!

Os revezes acontecem. Neste período minha irmã se restabelecia de um Câncer que a atacara. Foi um tempo  muito difícil de muita inseguranças. Uma querida amiga se viu meio privada de minha companhia, pois eu já não conseguia sair para visitá -la seguidamente como antes fazia. A qualidade de vida era péssima e me trouxe problemas de quedas de cabelos. Eu continuava tentando me manter bem apesar de tudo. Minhas saídas eram rápidas e por perto. Minha confiança foi ficando pequena  na medida em que o trabalho demorava para evoluir. Dois meses quase três se passaram quando metade da obra foi acabada.Foi com grande prazer que eu transferi os móveis para os dois quartos já prontos, liberando a sala para ser trabalhada.Começava enfim nova etapa para ser concluída. Agora estava com os quarto bonitos porém entulhados dos móveis para lá transferidos. Continuei dormindo no chão só que de maneira melhorada.

Botando para quebrar!

A chuva, o frescor de terra molhada sempre me atraíram. Já serviram de encantamento em muitas ocasiões quando eu por diversas vezes a evocava em meus poemas. No período em que a confusão da obra reinava em casa, aconteceu de chover durante longos dias. Na ocasião confesso que minha atração por ela desabou pelos muitos problemas que advieram, prejudicando o trabalho dos obreiros. Foi preciso usar ventiladores e aquecedor para a secagem da massa aplicada, tornando o trabalho difícil de ser elaborado e produzindo um consumo maior de energia e tempo, gerando com isso um descontentamento. Foi um tempo em que a paciência  e o conformismo se fez presente pois nada se podia fazer a não ser esperar que tudo secasse. 
  

Botando para quebrar!

Consegui neste tempo, ( ôo tempo difícil !), conciliar minhas idas para a academia com muito custo. Muitas vezes me arrumei tentando ir e não dava porque chegava material, e muitas vezes dava e eu não podia sair porque esperava o pessoal que aqui trabalhavam. Nem programar alguma coisa eu podia mais. Deixei muito almoços com meu pessoal para trás.  A obra continuava bem e eu me conformava com isso.A sujeira era uma constante do dia a dia e nem adiantava me preocupar pois ainda piorava quando a poeira levantava. Aprendi com Augusto Curi o autor do livro que eu lia, maneiras de desligar meu automático e ainda conseguia viajar sem sair do lugar absorvendo com atenção tudo o que me interessava. Mas de uma coisa eu não abri mão que era de jogar canastra com minhas irmãs nas quartas feira. Podia cair o mundo, mas nos estávamos lá jogando.A satisfação e o prazer de estar com elas fazia valer a pena!