Hoje, pensamentos me envolvem no embalo da chuva fina que cai como num
sussurro. Busco nos arquivos guardados, lembranças...
écos de um passado vividos em plenitude
de acordo com o tempo. De origem no passado, as lembranças brincam de esconde –
esconde, ora alegres ora tristes, ora saudosas, e só Deus sabe porque, até então eu ainda não consigo lidar com isso.
Às vezes o passado interrompe
meu presente sem pedir licença, e se instala como se fosse o grande senhor. Então mesmo eu não querendo, sorrateiro ele se chega e toma conta de meus
pensamentos. Nesses momentos, para acabar com a nostalgia eu escuto Gone do U2, e volto para o presente, feliz por
ter superado até então, e minhas lembranças se tornam em momentos gloriosos já vividos lá no túnel do tempo.
Éramos oito pessoas na família, juntamente
com o pai e a mãe.
Quando criança, eu era muito
vivaz, e também muito sensível. Adorava correr pelo pátio, vendo as folhas das
árvores caindo sobre minha cabeça e sentindo o vento agitar meus cabelos quando soprava o vento Minuano. O frio gelava meu sangue, mas o prazer de
desfrutar o vento era maior. Me sentia como parte dele, o próprio vento!
A rua onde morávamos, era de chão batido rodeada de mato e campo. Era uma rua de pouca
vizinhança e difícil de se caminhar nela pois sendo uma lomba arenosa, escorregávamos muito.
Como toda criança eu gostava
muito de subir nas árvores. Eu sabia, exatamente onde e quando havia frutas do
mato para buscar, como pitangas araçás, amoras e goiabas e as vezes até morangos silvestres. Eu me deleitava com isto.
Eu e minhas irmãs gostávamos de
passear no mato e descobrir bonitos recantos. Ficávamos brincando de balanço nos cipós ali existentes. Era tão bom brincar assim que esquecíamos o tempo passar. Naquela época não havia perigos
como hoje atualmente existe. A liberdade era verdadeira e desfrutávamos disto com
muita alegria e simplicidade. Não sei como, eu sempre encontrava filhotes de
passarinhos nas encostas do mato o que me deixava feliz e preocupada com eles. Eu
não sabia exatamente o que fazer para devolvê-los para sua espécie. Então eu os
levava para casa e colocava dentro de uma caixa, encima de um pano. Não me esquecia
de manter a caixa no alto para que o gato não os pegasse. Geralmente eles morriam apesar de alimentá-los.
Eu não sabia como cuidar direito.
Nas noites de verão, noites
quentes e abafadas, o pai ficava sentado na área da casa tomando chimarrão com a
mãe, e nós ficávamos brincando de pegar vaga-lumes. Eles formavam rabiscos de luz na noite, nos
encantando. A parte iluminada,
geralmente na cor verde florescente dos vaga-lumes que também são chamados de
Pirilampos, fica na parte inferior da região abdominal, e a bioluminescência
(emissão de luzes por alguns animais) tornavam nossas noites especiais, riscando a noite com sua luz. Era bonito
de se ver quando em noites muito quentes e muito
escuras os vaga-lumes apareciam em grandes quantidades para iluminar o mato e
ao redor. Ficávamos correndo atrás deles para pegá-los, e soltá-los dentro de
casa para tudo iluminar (e era possível!).
Só para nosso deslumbramento naquele tempo, as cigarras e os grilos e
sapos faziam serenata para nós.
.
Mais ou menos neste período,
veio morar perto de nossa casa, uma nova família que mais tarde haveriam de ser nossos grandes amigos; a menininha daquela época a nova vizinha , se
tornou minha grande amiga e hoje é madrinha de minha filha.
Hoje,
continuo morando nesta mesma rua, só que completamente mudada a rua e eu. A rua está pavimentada e completamente habitada com novos moradores, restando uns poucos daquele tempo, que ainda vivem. Eu era criança quando vim morar aqui e hoje, após viver longa história de encantos e desencantos, ilusões e desilusões, com os filhos casados mas não distantes, continuo aqui. Já não vejo mais os vaga-lumes. A rua agora é completamente habitada, asfaltada, movimentada e iluminada. Já não encontro mais filhotes de pássaros em meus caminhos. Os campos outrora imensos e com vacas pastando sumiram para dar lugar a moradias; as flores do campo se tornaram raras em meus caminhos e agora as vejo no Google e em minhas lembranças ou quando saio à passeio. Uma pergunta não me sai da cabeça: para onde foram meus Pirilampos? Onde estão meus recantos de sombra fresca e as frutas silvestres? Sei que o tempo passa e tudo muda, mas isto não impede que eu os guarde com carinho na mente para reviver a magia nas minhas lembranças, With or without.
Enquanto escrevo minhas memórias, a música Unforgettable Fire passa e repassa na minha mente, então ligo meu som para escutá- los. Eu nunca imaginei que um dia, eu haveria de gostar tanto assim de uma banda de rock. Suas músicas embalam minhas lembranças em vários momentos, tornando-os mágicos e com prazer de lembrar o que já fez parte de mim e que ficou para trás, juntamente com os sonhos de outrora que já não brilham mais.
continuo morando nesta mesma rua, só que completamente mudada a rua e eu. A rua está pavimentada e completamente habitada com novos moradores, restando uns poucos daquele tempo, que ainda vivem. Eu era criança quando vim morar aqui e hoje, após viver longa história de encantos e desencantos, ilusões e desilusões, com os filhos casados mas não distantes, continuo aqui. Já não vejo mais os vaga-lumes. A rua agora é completamente habitada, asfaltada, movimentada e iluminada. Já não encontro mais filhotes de pássaros em meus caminhos. Os campos outrora imensos e com vacas pastando sumiram para dar lugar a moradias; as flores do campo se tornaram raras em meus caminhos e agora as vejo no Google e em minhas lembranças ou quando saio à passeio. Uma pergunta não me sai da cabeça: para onde foram meus Pirilampos? Onde estão meus recantos de sombra fresca e as frutas silvestres? Sei que o tempo passa e tudo muda, mas isto não impede que eu os guarde com carinho na mente para reviver a magia nas minhas lembranças, With or without.
Enquanto escrevo minhas memórias, a música Unforgettable Fire passa e repassa na minha mente, então ligo meu som para escutá- los. Eu nunca imaginei que um dia, eu haveria de gostar tanto assim de uma banda de rock. Suas músicas embalam minhas lembranças em vários momentos, tornando-os mágicos e com prazer de lembrar o que já fez parte de mim e que ficou para trás, juntamente com os sonhos de outrora que já não brilham mais.
Catarina Kist